Praia do Bonete, Ilhabela - SP
- Jennifer Oliveira
- 3 de jan. de 2021
- 8 min de leitura
Atualizado: 17 de jan. de 2021
Que o litoral norte paulista é de tirar o fôlego isso geral já sabe e um dos lugares mais bonitos desta região de São Paulo é o arquipélago de Ilhabela que ainda obtém cerca de 83% de sua área preservada através do Parque Estadual de Ilhabela, a cidade abriga uma das maiores reservas da nossa linda e extraordinária Mata Atlântica. O parque é nomeado como “parque-arquipélago”, possuindo uma área de mais de 27 mil hectares, englobando 12 ilhas, 2 ilhotes e 2 lajes, informações adquiridas através do site de Ilhabela.
Ilhabela é inusitada, única e totalmente singular, sua flora e fauna rica com a beleza excepcional completa por 42 praias e uma diversidade de cachoeiras, além disso o Parque Estadual oferece uma penca de oportunidades para quem curte fazer trekking, um misto de paisagens com água salgada, água doce e montanhas com altitudes em torno de 1.000 m. Para quem não sabe a ilha também foi nomeada como a “Capital da Vela”, se tornando um dos principais cenários para o esportes a vela.
Para começar o ano com o pé direito decidi ver a chegada de 2021 em uma das praias mais isoladas e bonitas da ilha: a famosa Praia do Bonete. Essa praia já foi considera uma das dez praias mais belas do país pelo jornal britânico “The Guardian”, e não é para menos, a praia é sem dúvidas de beleza única, água cristalina e paisagem realmente de ficar com o coração quentinho. Ela é habitada pela maior comunidade caiçara de Ilhabela e fica localizada no sul da ilha com acesso apenas de barco ou através de uma trilha de 12 km pelo Parque Estadual de Ilhabela, que se inicia na Ponta da Sepituba. Pela trilha dá para conhecer três cachoeiras principais, entre elas a Cachoeira da Laje e a Cachoeira do Areado, o trajeto de barco gira em torno de 40 min de duração enquanto de trilha varia de 3 a 6 hs dependendo do ritmo de caminhada e tempo de parada nas cachus. Recomendo intercalar, ida ou volta de trilha, ida ou volta de barco, no meu caso realizei a ida por trilha e retornei de barco.
A praia possui uma orla de mais de 600 m de extensão e é rodeada por morros e árvores Chapéu-de-Sol, vegetação típica da região litorânea do sudeste. Dizem que as ondas chegam em torno de 2/3 m de altura, porém em minha visita o mar estava super tranquilo e bem calmo, nos cantinhos da praia a água forma uma piscininha e é bem tranquilo para quem gosta de mais calmaria.
Comecei a viagem indo pela Mogi Bertioga, sai de carro na madrugada por volta de 4 hs e no caminho aproveitei para parar em um sacolão no meio da estrada, comprei umas frutinhas para comer durante a trilha e fiz uma alimentação numa padaria ao lado.
Na estrada também aproveitei para parar no Mirante do Canal na estrada entre São Sebastião e Ilhabela, lá de cima dá para observar uma prainha bem pequena, deserta e sem estrutura: a Praia da Pedra Escondida, uma praia que pouquíssimas pessoas sabem de sua existência, não possui trilha demarcada, o famoso vara mato, mas que parece ser incrível, mas beleza, o post aqui não é sobre ela, a vista do mirante é linda e me energizou para começar bem o dia.
Se você for descer para o litoral de ônibus não terá esse privilégio, mas para quem opta por esse meio de transporte saiba que não há ônibus direto para a ilha, é necessário descer no Terminal de São Sebastião e de lá seguir para a balsa, a passagem de Sampa para São Sebastião varia entre R$ 60 e R$ 70 pela viação Pássaro Marrom, uma dica para quem curte dar uma economizada é descer de Buser no precinho por R$ 30, compensa muito. O valor da travessia da balsa feita por pedestres é gratuita e para veículos no final desse post vou deixar um link para vocês consultarem os valores que variam nos feriados.

O trajeto dura em torno de 20 minutinhos e é super tranquilo, você nem sente a movimentação da plataforma, sugiro aproveitar para curtir o visual e tirar umas fotinhas.
Depois da balsa, se estiver sem carro para chegar no início da trilha para a praia tem que pegar o ônibus municipal para Borrifos no centro da ilha e se informar certinho onde descer o mais próximo da trilha, se for de barco se informar onde descer para pegar o barco, sei que tem barco saindo do Restaurante Nova Iorqui que custa em torno de R$ 60 por pessoa.
Atravessando a balsa se você estiver de carro vai seguir em direção ao sul da ilha e ir até o fim do asfalto, não tem como se perder pois só tem um caminho, quando acabar o asfalto vai continuar seguindo reto na estrada de terra até o final onde há o estacionamento da Dona Cida, rua sem saída onde já dá para ver a guarita de entrada para a trilha. O estacionamento nos custou R$ 30 dois dias inteirinhos e uma noite e a Dona Cida é super humilde e gentil, no estacionamento tem um banheiro simples que recomendo utilizar antes de seguir e água para se refrescar, não recomendo beber sem clorin por não saber a fonte da mesma.
Na guarita há alguns colaboradores do Parque Estadual de Ilhabela que monitora a entrada da galera e passa informações importantes como tempo do trajeto e grau de dificuldade que é considerado moderado a difícil devido ao terreno acidentado com bastante pedras e a distância de 12 km, eles também verificam se você fez a reserva para a visitação que é realizada aqui neste site e é gratuito, importante salientar que não há sinal de celular nesta região da ilha então ao finalizar a reserva pelo site você vai receber a confirmação por e-mail onde é viável que você tire print da tela porque na hora não conseguirá abrir a página. Esta trilha não precisa de guia, chamada de trilha autoguiada, o caminho é super demarcado e não tem possibilidades de se perder, por via das dúvidas as árvores possuem indicações: ida com seta para cima, volta com seta para o lado.


O caminho começa bem tranquilo parecendo uma estrada e logo de início se tem uma subida bem íngreme que ajuda a dar uma aquecida para a caminhada a ser enfrentada.
Após mais ou menos 2,3 km se chega na Cachoeira da Lage, uma cachu linda, bem tranquila e rasinha.
Seguindo depois de uma boa caminhada se chega na segunda: a Cachoeira do Areado, muito bonita também, e por último após uma boa pernada se passa pela Cachoeira do Saquinho, esta eu não consegui realizar nenhum registro pois alguns minutos antes da chegada até ela pegamos uma tempestade tenebrosa com ventania, chuva intensa, raios e galhos cedendo, por este motivo não tive cabeça para registrar, pelo contrário, estava com muito medo e aqui mais uma dica, evitem ao máximo realizar a trilha em dias com previsão de chuvas fortes e/ou tempestades, pois o caminho é longo dentro da mata e não possui nenhuma estrutura para abrigo ou para buscar ajuda em caso de acidentes, todo o cuidado e consciência se faz necessário.
Finalizando a mata intensa se chega em um mirante de onde dá para ver a praia em sua extensão, no meu momento a chuva continuava intensa então não tive a sorte de tirar a foto clichê com fundo azul atrás.
A praia é bem humilde, não possui muita estrutura e a energia elétrica é abastecida através de três maneiras: placa solar, gerador a diesel e turbina. Então há alguns locais que limitam a utilização, por exemplo, no camping em que fiquei a energia era liberada após 17 hs. Por falar nisso, fiquei hospedada no Camping do Eugênio, bem pertinho da praia, a diária foi R$ 40 por pessoa e já adianto que o local não é um camping ajeitado, é um quintal de uma casa com uma pequena cozinha e dois banheiros mas que dá muito bem para se virar.
Ilhabela possui MUITOS insetos, principalmente os famosos borrachudos, eu mesma voltei parecendo uma manga, toda inchada, você vai ver nos blogs por aí várias dicas como: utilizar repelente a base de icaridina ou comprar o repelente que vende direto na ilha (em torno de R$ 30 cada), mas a verdade é que nenhum deles adianta, então não espere voltar intacto (a) sem picadas, se você tiver receio ao extremo desta situação sugiro então que escolha outra opção de passeio.
Outro ponto importante é o preço de alimentação, a ilha não é um local barato, porções pequenas de batata por exemplo custam em torno de R$ 40, prato feito em torno de R$ 40 e lanches em torno de R$ 20, se busca economizar leve sua refeição e faça no camping. A vilinha simples oferece poucas opções de comércios locais e possui uma igrejinha conhecida como Capela de Santa Mônica, um charme, propício para tirar fotinho de turista.
A virada do ano foi simples mas a vibe do lugar é incrível, a praia não estava lotada, havia poucas pessoas considerando a extensão da areia e quando comparada com as praias famosas do litoral no final de ano.
Na volta, cansados só de pensar no sufoco da trilha, resolvemos retornar de barco pelo valor de R$ 60 por pessoa que podia parar próximo ao estacionamento da Dona Cida ou na próxima parada no restaurante Nova Iorqui. Aqui outra dica, se você tiver medo de mar, não souber nadar ou não tiver muita habilidade com pedras sugiro não descer na Ponta da Sepituba sentido estacionamento, pois não tem onde parar o barco, não tem faixa de areia e o barqueiro te deixa sobre as pedras onde se faz necessário obter muito cuidado para não escorregar. O tempo de barco dura em torno de 30 minutos em alto mar, opte por dias de mar tranquilo, sem ressaca, para não passar perrengue, é muito perigoso e com a natureza não se mede forças.
Fora os perrengues que fizeram a trip ser inesquecível, o rolê foi incrível, o lugar é realmente bonito e que transmite uma paz imensa, você obriga-se a se conectar mais com si mesma e abandonar o celular (já que não há sinal para internet, apenas wi-fi em algumas hospedagens).
Recomendo muito conhecer para aproveitar cada cadinho da trilha e amar muito poder finalmente pisar na areia dessa praia linda.
Informações Gerais sobre Praia do Bonete (Visita na virada de 2020/2021):
Trekking considerado nível moderado a difícil;
Possui restaurantes, lanchonetes e hospedagens desde as mais simples como camping e hostel até pousadas com maiores estruturas;
Os comércios aceitam cartões porém é melhor levar o dinheiro sacado;
Não possui supermercados, apenas vendinhas locais com poucas opções e preços mais elevados;
Não possui banheiros públicos, só dos comércios locais e nas hospedagens;
Não possui sinal de celular, nenhum cadinho mesmo, mas algumas hospedagens possuem wi-fi;
A vila do Bonete não possui iluminação, somente luzes residenciais.
Informações Importantes:
Para a trilha leve seu lanche e água suficiente para todo o trajeto;
Não deixe seu lixo na trilha e na praia (juro, não cai a mão segurar o seu lixo);
Respeite e preserve a natureza;
Se você se deparar com animais nativos da região respeite-os: eles moram ali, você não!;
Não jogue sementes de frutas no caminho, esta ação pode impactar o ecossistema da região;
Aproveite com consciência: não escute som alto no trajeto desrespeitando as pessoas que estiverem no local;
Deixe e abrigue em si raízes boas por onde passar!
Quanto custou o rolê:
Combustível (ABC Paulista x Ilhabela): Ida e volta em torno de R$ 180,00
Estacionamento Dona Cida Ponta do Sepituba: R$ 30,00
Barco do Bonete x Restaurante Nova Iorqui: R$ 60,00 por pessoa
Hospedagem Camping: R$ 40,00 a diária por pessoa
Café da manhã: Em torno de R$ 20,00 cada
Almoços e jantas: Em torno de R$ 45,00 cada
Acesso a trilha, cachoeiras e praias após Bonete: Gratuito
Sites Importantes:
Preço da Balsa: clique aqui
Algumas opções de hospedagens: clique aqui
Informações sobre a Praia do Bonete: clique aqui
Site do Parque Estadual para agendamentos das visitas: clique aqui
Comments